Epimerização da Galactose em Glicose
A galactose é um monossacarídeo de epímero da glicose, isto é, são moléculas que se diferenciam somente na configuração de um átomo de carbono; no caso, o carbono 4. A transformação de galactose em glicose consiste em uma série de reações que consitutuem uma epimerização, que é representada pela figura acima e ocorre segundo as seguintes etapas:
- A galactose é transformada em galactose 1-fosfato, pela reação catalisada pela enzima galactoquinase, à custa de ATP.
- A galactose 1-fosfato ligada a UDP-glicosevai à glucose 1-fosfato ligada a um UDP-galactose, catalisada pela galactose 1-fosfato uridil transferase.
- A UDP-glicose é transformada em UDP-galactose por meio da UDP galactose epimerase.
- Finalmente, a Glicose 1-fosfato é trasformada em Glicose 6-fosfato, pela enzima fosfoglicomutase.
Um indivíduo com Galactosemia tem deficiência na produção da enzima que catalisa a segunda etapa descrita, a galactose 1-fosfato uridil transferase; sendo assim, impossibilitado de transformar galactose em glicose.
Manifestações Clínicas da Galactosemia
A Galactosemia, geralmente, se inicia no feto ainda no útero, já que pela décima semana de gestação é que ocorre o desenvolvimento das vias metabólicas da galactose. Já o desenvolvimento da doença, ocorre a partir da ingestão de leite, assim que a criança nasce, de maneira fulminante e aguda quando associada a sepse neonatal (infecção generalizada). A doença pode, no entanto, se desenvolver de maneira sub-aguda, causando diarréia, vômitos, icterícia, hepatomegalia, ascite, galactosúria, etc.
Mesmo quanto há um diagnóstico precoce e o indivíduo que sofre da doença siga uma dieta restrita em galactose, há ainda a produção endógena deste monossacarídeo, que não pode ser metabolizado. Assim, há a possibilidade de outras manifestações clínicas como alterações no sistema nervoso (como diminuição de QI, dispraxia verbal, temores), atraso no crescimento, osteoporose, catarata e disfunção ovárica.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico da doença pode ser feito ainda no período neonatal, pela dosagem de galactose 1-fosfato uridil tranferase nos glóbulos vermelhos. Um diagnóstico precoce permite o tratamento da doença a partir da remoção da galactose (cuja principal fonte é a lactose) da dieta. Já a produção endógena deste monossacarídeo, não pode ser evitada. No entanto, o indivíduo adulto constuma apresentar uma crescente tolerância a galactose, já que há uma diminuição da produção endógena dela.
O controle da evolução da doença deve ocorrer periodicamente, por meio de exames neurológicos, psicomotores e a monitoração da dosagem de galacto 1-fosfato uridil tranferase.
Fontes Bibliográficas:
Bioquímica Básica, Anita Marzzoco e Bayardo Baptista Torres;
Ciências Nutricionais, J.E Dutra de Oliveira e J. Sérgio Marchini;
Diagnóstico da Galactosemia Clássica, Ana Silva e Inês Lopes Cardoso;
Marina Morais
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