Como
já foi discutido em um post anterior, a Fenilcetonúria
é um erro metabólico que consiste na incapacidade de o organismo converter o aminoácido Fenilalanina (Phe) em Tirosina devido a uma deficiência da enzima
responsável por essa reação (Fenilalanina hidroxilase), levando a graves conseqüências como o retardo
mental, hipopigmentação e distúrbios comportamentais. Vamos entender melhor como ocorre essa reação no metabolismo fenilcetonúrico
Metabolismo da Fenilalanina
A tirosina é o produto imediato normal da
Fenilalanina e é essencial para outras vias incluindo a síntese de
proteínas, catecolaminas, pigmento de melanina e hormônios da tireóide.
Na fenilcetonúria, essa reação não ocorre e entra em ação uma
via secundária do metabolismo. Nessa via a fenilalanina sofre transaminação
com o piruvato e libera fenilpiruvato. A maior parte do fenipiruvato é reduzida
e formando fenilactato e descarboxilada e forma fenilacetato. O fenilacetato confere
um odor “de rato” característico à urina e também já é um aspecto que ajuda
para detectar a PKU em crianças.
Consequências da PKU
RETARDO MENTAL
àA
manifestação clínica mais grave na fenilcetonuria é o retardo mental. Isso ocorre
porque a alta concentração de fenilalanina no plasma sanguíneo gera um grande
acúmulo no SNC, e esse excesso vai provocar uma competição da fenilalanina com
outros aminoácidos pelo transporte através da barreira hematoencefálica. E já
que a fenilalanina possui maior afinidade pelo transportador cerebral se
comparada com outros aminoácidos, isso vai resultar em déficit de alguns
metabólicos muito necessários ao cérebro em desenvolvimento e ocasionar a
formação de metabólitos tóxicos no cérebro. Além de retardo mental, o acúmulo
desses metabólitos tem outras conseqüências ao SNC, com falhas ao andar e
falar, hiperatividade, microcefalia.
àOutro fator que contribui para o retardo mental é o fato de a alta concentração de Phe inibir completamente as enzimas triptofano hidroxilase (que catalisa a formação do neurotransmissor serotonina) e tirosina hidroxilase (que catalisa a formação dos neurotransmissores: dopamina, epinefrina e norepinefrina), essa queda na produção desses neurotransmissores também contribui para um estado de retardo mental e até mesmo de distúrbios comportamentais.
HIPOPIGMENTAÇÃO
à
Fenilcetonuricos apresentam deficiência na pigmentação dos cabelos e da pele pois
além da baixa concentração de tirosina, ainda o excesso de Phe inibe
completamente a hidroxilação da tirosina pela tirosinase, que é a primeira
etapa da formação do pigmento melanina.
ODOR NA PELE, CABELOS E URINA
à O
acúmulo de Phe e sua utilização em vias alternativas leva a produção de
metabólitos, como o fenilacetato que confere um cheiro forte, como um odor de
rato aos fenilcetonúricos.
Diagnóstico
O diagnóstico clínico da PKU é difícil, pois a
criança é aparentemente normal durante os primeiros meses. Apenas por volta do
terceiro mês de vida percebe-se o atraso no desenvolvimento pois, a criança
perde o interesse em tudo que a rodeia e tornam-se inquietas e irritadas. Por
isso é importante realizar o exame em todos os recém nascidos. O exame para
diagnosticar a PKU é feito na triagem neonatal, o famoso teste do pezinho
normalmente realizado nas primeiras 24 horas de vida até no máximo sete dias
após o nascimento. O diagnostico de PKU consiste em determinação da
concentração plasmática de PHE e de tirosina
(uma concentração superior a 4 mg/dL pode indicar a PKU) e deve ser
confirmado após 48 horas de vida, tempo suficiente para que o recém nascido
tenha mamado.
Tratamento
Diagnosticada a PKU a criança deve imediatamente
ser submetida a uma dieta controlada, pois o acumulo de fenilalanina e seus
metabolitos impedem o desenvolvimento do cérebro provocando retardo mental
irreversível.
O tratamento até o momento é realizado
exclusivamente por meio de uma alimentação restrita em fenilalanina, a dieta
precisa suprir as quantidades de fenilalanina exatamente o suficiente para
satisfazer as necessidades de síntese protéica do organismo. A quantidade de
Phe que pode ser ingerida depende dos níveis de Phe no plasma e da atividade
enzimática, que varia de individuo pra individuo.
O consumo de alimentos ricos em proteínas deve ser
diminuído e controlado e as proteínas naturais devem primeiro ser hidrolisadas
e a maior parte da fenilalanina removida.
Já são
encontradas essas formulas de hidrolisados proteicos no mercado e geralmente
destinados a três grupos: formulações infantis; formulações especiais para
adultos e suplementos nutricionais. O tratamento deve ser mantido por toda a
vida, porque mesmo após o desenvolvimento neurológico completo do individuo, os
níveis altos de fenilalanina podem alterar funções cognitivas.
Walkyria Paula
Fontes:
LEHNINGER, Albert L;
NELSON, David L.; COX, Michael M. Lehninger princípios de
bioquímica. 4. ed. São Paulo: Sarvier, 2006.
MIRA Nádia VM e Ursula M
Lanfer Marquez: Importância do
diagnóstico e tratamento da fenilcetonúria. Rev. Saúde Pública. V 34(1),
2000.
http://bioquimicanutricao.blogspot.com.br/search?updated-max=2010-08-10T19:28:00-07:00&max-results=7
Acesso em: 05/09/2012
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