“O destino das nações depende daquilo e de como as pessoas se alimentam” (Brillat-Savarin, 1825).

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Excesso de Ferro e What`n`Ask!


Neste post será abordado o feito do excesso de ferro no nosso metabolismo, além do feito do excesso dele e o que deve ser feito para evitar o aumento de sua concentração no sangue (respondendo a pergunta do what n ask!).

O Ferro é um micronutriente que tem uma grande capacidade de doar e receber elétrons. Essa sua capacidade é o que faz dele um componente essencial em diversas enzimas, citocromos e para o transporte de oxigênio. Porém, quando livre no nosso organismo, é esse seu poder de oxidar e reduzir que pode torná-lo tóxico. Isso se deve ao fato dele participar de reações de formação de radicais livres.
Ele é o principal catalisador da reação de Fenton, reação em que o Fe+2 reage com peróxido de hidrogênio, formando um radical livre muito potente, o radical hidroxil. Por causa disso, o nosso organismo mantêm a concentração de ferro livre baixa.
O nosso corpo normalmente consegue manter as concentrações de ferro baixas por dois principais motivos. O primeiro deles é porque o Fe+3 é insolúvel em água e o Fe+2 participa na formação de radicais livres. Então, para prevenir isso, o nosso organismo normalmente mantém sempre o ferro ligado a proteínas. Isso permite que o ferro não fique livre no corpo e seja capaz de produzir espécies reativas.
Existem dois tipos de excesso de ferro em nosso organismo, o que ocorre por questões de natureza genética e ou pela elevada ingestão desse micronutriente.
É possível perceber que uma pessoa possui uma taxa de ferro mais elevada por questões genética, quando o resultado de ferritina sérrica continua elevada mesmo depois de se reduzir a ingestão desse micronutriente. O problema desse tipo de excesso é que não existem medidas a serem tomadas para reduzir essas taxas.
O outro tipo de excesso de ferro já é causado pela grande quantidade de ferro ingerida. Diferentemente do outro tipo de excesso ferro, as taxa desse micronutriente podem ser diminuídas. Para isso é necessário a menor ingestão de ferro, além da diminuição do consumo de substancias que aumentam a absorção e o maior consumo de alimentos que irão diminuir a absorção dele.
Um bom exemplo de substância que deve ser evitada nesses casos é a vitamina C, pois, como explicado no outro post, essa vitamina tem a capacidade de aumentar a absorção do ferro inorgânico. Dessa forma, se a pessoa está com excesso de ferro em seu organismo, ele deve evitar ingerir alimentos que contenham ferro ao mesmo tempo da vitamina C.
Em contra partida, essas pessoas deverão ingerir alimentos que diminuem a absorção desse micronutriente, como as fibras e metais divalentes, como o cálcio, magnésio, entre outros.
O problema do excesso de ferro é que ele está relacionado a algumas condições clínicas: “neoplasias, cardiomiopatia, ateroesclerose, maior severidade de infartos, doenças hepáticas crônicas, diabets tipo 2, hipertensão, falência renal aguda, desenvolvimento de tireoidite subaguda e maior gravidade de infecções.” (Moreira, 2009)
Por estes motivos, é necessário tomar cuidado com a concentração de ferro no nosso organismo, pois tanto o excesso quanto o suas deficiência podem causar problemas no nosso metabolismo.


Bruna Mundim

Watch'N'Ask

Então, o grupo de obesidade perguntou sobre o tema do meu seminário: "Doença Celíaca" e a pergunta foi a seguinte:
- "o que faz as vilosidades do intestino delgado de dobrarem de maneira achatada?"

Bem, primeiramente as vilosidades não se dobram, mas suas células se expandem de tal forma que ficam arredondadas/achatadas, perdendo, assim área de contato e tendo o aspecto de achatamento. Tal reação se dá, pois quando o celíaco ingere glúten, a concentração de anticorpos antitransglutaminase no intestino aumentam, desencadeando um processo inflamatório que leva à invasão de linfócitos intraepiteliais que aumentam o volume celular, atrofiando as vilosidades intestinais.
É isso!

Abraços!



Postado por:
Thaís Fernandes

domingo, 23 de setembro de 2012

Anemias


Existem diferentes tipos de anemias, mas os dois tipos mais importantes para a nutrição são a anemia ferropriva e a anemia megaloblástica. Esses tipos são normalmente causados por fatores nutricionais e por este motivo é que são tão importantes para a nutrição.
A deficiência de ferro é o maior problema nutricional no mundo.  A anemia ferropriva é resultado do balanço negativo de ferro (deficiência de ferro) que pode ocorrer em situações em que há o baixo consumo de ferro, prejuízo na absorção e no aumento das perdas de ferro pelo organismo. Esses fatores levam à diminuição dos níveis plasmáticos de ferro, caracterizando a anemia.
A anemia ferropriva ocorre quando há um longo período de balanço negativo de ferro e que poderá levar a um esgotamento das reservas do organismo e uma consequente dificuldade de produção de hemácias. Desta forma, existem três estágios de deficiência de ferro. O primeiro é o período pré-latente ou depleção de ferro, que é caracterizado pela redução nas reservas de ferro (ferritina sérica) sem que haja uma redução nos níveis de ferro sérico. O segundo estágio é chamado de deficiência latente e ocorre quando as reservas de ferro foram esgotadas, mas o nível de hemoglobina ainda permanece acima do limite mínimo de hemoglobinas. A anemia ferropriva, o terceiro estagio da deficiência de ferro, ocorre quando a concentração de hemoglobina no sangue fica abaixo do limite inferior do normal e havendo também a produção de eritrócitos microcíticos (eritrócitos com um diâmetro menor).
Existem alguns períodos em que há uma necessidade de ferro aumentada, são eles os períodos da infância, gravidez e lactação. Por este motivo as lactentes, crianças menores de 5 anos, gestantes e mulheres em idade fértil possuem uma tendência maior ao desenvolvimento da deficiência de ferro.
A anemia megaloblástica já é causada normalmente pela deficiência da vitamina B12 e/ou B9 por causa da sua a baixa ingestão ou dificuldade de absorção. Essa doença tem como característica um tamanho aumentado, não maturidade completa e disfunção das hemácias, além de uma diminuição dos leucócitos e plaquetas. Essas duas vitaminas são importantes para a produção de DNA e para eritropoiese, então uma deficiência delas gera um desiquilíbrio no crescimento, divisão celular e na produção de hemácias.

                                 
    
                                      Vitamina B12                                            Vitamina B9

     É necessário tomar cuidado para não confundir a anemia megaloblástica com a anemia perniciosa. A anemia perniciosa também causa um aumento no tamanho das hemácias (anemia megaloblástica), mas ela não é causada especificamente pela deficiência de vitaminas, mas é causada por um problema relacionado com o fator intrínseco, gerando uma diminuição na absorção da vitamina B12.



      A vitamina B12 normalmente vem nos alimentos ligada à proteínas e quando chegam ao estomago elas se tornam livres e depois fixadas às proteínas R. O fator intrínseco tem uma menor afinidade a B12 do que as proteínas R, mas no intestino delgado as proteases pancreáticas quebram a ligação com a proteína R e a vitamina B12 consegue se ligar ao fator intrínseco. Dessa forma ela consegue ser absorvida no íleo. Após a sua absorção, ela é levada ao fígado onde ela será armazenada.

     O diagnostico dessas anemias são possíveis por um exame de sangue em que tenha um hemograma completo, ferritina, ferro sérico e vitamina B12.



Bruna Mundim



Referências:

sábado, 22 de setembro de 2012

Metabolismo de Ferro - Absorção


           Como foi dito no post anterior de ferro, nós precisamos repor o ferro perdido pelo nosso organismo. Existem dois ferros que somos capazes de absorver, o ferro hêmico e o ferro não-hêmico. Cada um deles possui um mecanismo de absorção diferente.
A absorção do ferro é feita em 3 etapas, a importação, o processamento e a exportação. A importação consiste no transporte do ferro do lúmen intestinal para dentro da célula através da membrana do enterócito. O processamento é a movimentação dele dentro da célula. E por ultimo a exportação é a saída do ferro para a corrente sanguínea.
Na membrana apical do enterócito encontram-se as proteínas DMT-1 (transportador de metal divalente – divalente metal transporter), a ferro reductase duodenal (Dcytb) e a HCP (heme carrier protein), as quais estão associadas à absorção do Ferro.
O Fe hêmico que se encontra ligado a uma protoporfirina, formando o grupo heme. Este tipo de ferro é encontrado em carnes e ele é mais biodisponível, porém representa uma menor proporção da dieta.
Esse grupo heme possui uma proteína carreadora específica (a HCP – heme carrier protein), que quando o grupo heme se liga ao à proteína HCP, formando o complexo heme-HCP, ele é internalizado por endocitose. Agora dentro da vesícula endossomal, esse complexo heme-HCP sofre a ação da heme oxigenasse (HO), liberando monóxido de carbono, bilirrubina-IXa e o Fe+2.
A importação do Fe inorgânico ocorre de uma maneira diferente. Esse tipo de ferro representa a maior proporção da ingestão de ferro, porém o nosso organismo tem uma maior dificuldade de absorvê-lo. Ele está presente nos alimentos em duas formas diferentes, o Fe+2 (reduzido) e o Fe+3 (oxidado), porém nós só conseguimos absorver o ferro inorgânico na forma reduzida (Fe+2), fazendo com que o Fe+3 tenha que sofrer redução para então ser absorvido.
O ferro inorgânico na forma de Fe+2, em condições fisiológicas normais, é rapidamente oxidado, podendo formar precipitados não-absorviveis, porém esse é tipo de ferro que nós somos capazes de absorver. Por este motivo faz-se necessário a redução do Fe+3 a Fe+2. Essa redução pode ser realizada de diversas formas, como pela ação do acido ascórbico dietético e baixo pH estomacal, mas a principal forma de redução é pela ação da ferro reductase duodenal, a Dcytb. Essa proteína tem a capacidade de transformar o Fe+3 em Fe+2, para que então a internalização do ferro inorgânico possa ser feita.
A importação do Fe+2 para dentro da célula será feita então pela proteína DMT-1, a qual transporta o Fe+2 para dentro da célula. Esse transportador, diferentemente do HCP, não é especifico, então outros metais divalentes (como o cádmio, zinco, cobre, entre outros)  podem competir com o ferro por este transportador, diminuindo a sua absorção.
O ferro absorvido passa então a fazer parte do pool lábil de ferro e ele entra na via comum de exportação. O ferro do pool lábil pode seguir dois caminhos. O primeiro deles é o qual o ferro do pool é armazenado na forma de ferritina. O segundo caminho é o qual esse ferro é transportado até a membrana basolateral do enterócito, onde ele é exportado para fora da célula pela ferroportina e ligado a transferrina (Tf), para então poder ser transportado para as outras células do corpo.
Para que a captação do ferro seja feita pelas outras células, elas possuem em sua superfície um receptor de transferrina (TfR). Existem três diferentes formas de transferrinas, que tem afinidades diferentes pelo transportador TfR: a Tf diférrica (ligada a 2 átomos de Fe) possui uma afinidade 4 vezes maior que a Tf monoférrica (liagada a somente um átomo de Fe) e 24 vezes maior afinidade do que a Apotransferrina (nao possui átomos de ferro ligados a ela). O receptor de tranferrina (TfR) é altamente específico e ele se complexa com a transferrina ligada ao ferro.
Após a entrada do ferro na célula, ele poderá ser incorporado a compostos funcionais, armazenado como ferritina ou utilizado para a regulação futura do metabolismo de ferro.
Em um próximo post será abordado o que acontece com o organismo quando a quantidade de ferro está baixa e quando ele está em excesso.


Bruna Mundim


Referências:
- Moreira, D.S.; Deficiência de vitamina A e níveis de transcrito de transportadores de ferro no intestino de ratos. 2009. Dissertação
- Carvalho, M. C., Baracat, E. C. E., Sgarbieri, V. C. Anemia Ferropriva e Anemia de Doença Crônica: Distúrbios do Metabolismo de Ferro. 2006.



segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A redenção da gordura (?)


     Em junho deste ano, a Revista Veja trouxe uma reportagem sobre o consumo de gorduras. Ao se deparar com uma reportagem como essa você logo pensa: “Opa! Então posso devorar aquela deliciosa barra de chocolate toda de uma vez só ou comer à vontade uma picanha saborosa sem peso na consciência!” Mas alto lá! Tudo tem que ser com moderação. Vamos ver até que ponto esses alimentos são saudáveis.
No contexto da sociedade atual, com o crescente aumento de doenças cardiovasculares, está aumentando cada vez mais a preocupação com a gordura. Assim, a palavra colesterol tornou-se comum no cotidiano, pois podemos vê-la em rótulos, notícias e principalmente em marketing de alimentos.
Na verdade, as gorduras são absolutamente essenciais em nosso organismo, pois é fundamental para a síntese de membranas em nossas células e é precursora de muitos hormônios. No entanto, quando seu consumo não é controlado, nossa vida corre risco. Isso porque a gordura excedente continua a circular no sangue e pode ser depositada nas paredes das artérias, obstruindo pouco a pouco a passagem do sangue.

Existem dois tipos de gorduras, que são os ácidos graxos saturados ou insaturados. Os ácidos graxos saturados geralmente são sólidos e predominam nas gorduras de origem animal, já os ácidos graxos insaturados, que podem ser mono ou poliinsaturados geralmente estão na forma líquida (óleos) e são predominantes em lipídeos de origem vegetal, como os óleos de soja, milho, azeite.
Os ácidos graxos (gordura) insaturados consumidos em quantidades adequadas são benéficos à saúde. Esses são representados pelas séries ômega-3, ômega-6 e ômega-9.
A ausência da ingestão de ácidos graxos ômega-3 e ômega-6 acarreta sintomas clínicos adversos que podem até levar à morte do indivíduo. Esses ácidos graxos têm papel importante na pele e no sistema nervoso e visual e também estão implicados  no funcionamento de diversos órgãos e sistemas por sua conversão em eicosanóides (mediadores lipídicos farmacológicos).

      A gordura saturada é importante na integração de membranas celulares e armazenamento de vitaminas Lipossolúveis (A, D, K, E), no entanto é necessário um consumo saudável, ou seja, dentro dos limites recomendados, pois o consumo de 1% acima do recomendado aumenta significativamente os níveis de LDL levando a maior propensão a infartos, hipertensão e aterosclerose.
      Além disso, na prática, juntamente com a picanha que você consome consequentemente estará ingerindo também maior quantidade de sódio o que pode predispor à hipertensão arterial.
      Durante anos houve uma associação entre o consumo de gorduras e as doenças cardiovasculares, mas hoje sabemos que de fato a consumo exagerado de gordura saturada eleva os índices dessas doenças mas não podemos atribuir a "culpa" somente à gordura mas também aos hábitos de vida sedentários.
Hoje vemos o índice de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) aumentando e se compararmos com os índices de alguns anos atrás quando tínhamos uma sociedade mais ruralizada isso vai parecer meio paradoxo, pois a gordura mais consumida por essas pessoas eram de orgiem animal- principalmente a banha de porco que era utilizada na maioria das preparações - no entanto não se falava com tanta frequência nessas doenças. Isso porque os hábitos de vida desses indivíduos eram mais saudáveis, isto é, a vida rural demandava mais esforço físico e ainda na alimentação não havia predominância de alimentos industrializados carregados de gordura e sódio como temos hoje. 
      A ingestão de gorduras associado ao sedentarismo observado nas sociedades atuais é um grande fator responsável pelo aumento de obesidades, ateroscleroses, infartos entre outras DCNTs.
        A gordura é o nutriente que mais contribui com calorias na dieta e por isso não de deve exagerar no consumo. Isso é bastante contraditório, pois, como diz até mesmo na reportagem Veja, o aumento do consumo de carboidratos tem contribuído para altos índices de obesidades e diabetes, o que pode fazer pensar que o consumo de gorduras como alimento energético seria mais saudável.
Mas quando se fala de uma proporção maior de carboidratos na dieta é importante que se tenha uma preocupação com os tipos de carboidratos ingeridos. Deve-se ter um equilíbrio nas proporções de carboidratos complexos e simples associado também ao consumo adequado de fibras, pois assim reduzirá o índice glicêmico da alimentação e aumentará a saciedade.



Postado por: Grupo Bioquímica da Nutrição

Fontes:

Revista Veja - Edição2275 - ano 45 - nº 26 27 de junho de  2012.

TIRAPEGUI, Julio. Nutrição: fundamentos e aspectos atuais. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2006.


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Fenilcetoúria (PKU) : Consequências e Tratamento


Como já foi discutido em um post anterior, a Fenilcetonúria é um erro metabólico que consiste na incapacidade de o organismo converter o aminoácido Fenilalanina (Phe) em Tirosina devido a uma deficiência da enzima responsável por essa reação (Fenilalanina hidroxilase), levando a graves conseqüências como o retardo mental, hipopigmentação e distúrbios comportamentais.  Vamos entender melhor como ocorre essa reação no metabolismo fenilcetonúrico

       Metabolismo da Fenilalanina

A tirosina é o produto imediato normal da Fenilalanina e é essencial para outras vias incluindo a síntese de proteínas, catecolaminas, pigmento de melanina e hormônios da tireóide.
Na fenilcetonúria, essa reação não ocorre e entra em ação uma via secundária do metabolismo.  Nessa via a fenilalanina sofre transaminação com o piruvato e libera fenilpiruvato. A maior parte do fenipiruvato é reduzida e formando fenilactato e descarboxilada e forma fenilacetato. O fenilacetato confere um odor “de rato” característico à urina e também já é um aspecto que ajuda para detectar a PKU em crianças.


Consequências da PKU

RETARDO MENTAL
àA manifestação clínica mais grave na fenilcetonuria é o retardo mental. Isso ocorre porque a alta concentração de fenilalanina no plasma sanguíneo gera um grande acúmulo no SNC, e esse excesso vai provocar uma competição da fenilalanina com outros aminoácidos pelo transporte através da barreira hematoencefálica. E já que a fenilalanina possui maior afinidade pelo transportador cerebral se comparada com outros aminoácidos, isso vai resultar em déficit de alguns metabólicos muito necessários ao cérebro em desenvolvimento e ocasionar a formação de metabólitos tóxicos no cérebro. Além de retardo mental, o acúmulo desses metabólitos tem outras conseqüências ao SNC, com falhas ao andar e falar, hiperatividade, microcefalia.

àOutro fator que contribui para o retardo mental é o fato de a alta concentração de Phe inibir completamente as enzimas triptofano hidroxilase (que catalisa a formação do neurotransmissor serotonina) e tirosina hidroxilase (que catalisa a formação dos neurotransmissores: dopamina, epinefrina e norepinefrina), essa queda na produção desses neurotransmissores também contribui para um estado de retardo mental e até mesmo de distúrbios comportamentais.

HIPOPIGMENTAÇÃO
à Fenilcetonuricos apresentam deficiência na pigmentação dos cabelos e da pele pois além da baixa concentração de tirosina, ainda o excesso de Phe inibe completamente a hidroxilação da tirosina pela tirosinase, que é a primeira etapa da formação do pigmento melanina.

ODOR NA PELE, CABELOS E URINA
à O acúmulo de Phe e sua utilização em vias alternativas leva a produção de metabólitos, como o fenilacetato que confere um cheiro forte, como um odor de rato aos fenilcetonúricos.

Diagnóstico


O diagnóstico clínico da PKU é difícil, pois a criança é aparentemente normal durante os primeiros meses. Apenas por volta do terceiro mês de vida percebe-se o atraso no desenvolvimento pois, a criança perde o interesse em tudo que a rodeia e tornam-se inquietas e irritadas. Por isso é importante realizar o exame em todos os recém nascidos. O exame para diagnosticar a PKU é feito na triagem neonatal, o famoso teste do pezinho normalmente realizado nas primeiras 24 horas de vida até no máximo sete dias após o nascimento. O diagnostico de PKU consiste em determinação da concentração plasmática de PHE e de tirosina  (uma concentração superior a 4 mg/dL pode indicar a PKU) e deve ser confirmado após 48 horas de vida, tempo suficiente para que o recém nascido tenha mamado.

Tratamento

Diagnosticada a PKU a criança deve imediatamente ser submetida a uma dieta controlada, pois o acumulo de fenilalanina e seus metabolitos impedem o desenvolvimento do cérebro provocando retardo mental irreversível.
O tratamento até o momento é realizado exclusivamente por meio de uma alimentação restrita em fenilalanina, a dieta precisa suprir as quantidades de fenilalanina exatamente o suficiente para satisfazer as necessidades de síntese protéica do organismo. A quantidade de Phe que pode ser ingerida depende dos níveis de Phe no plasma e da atividade enzimática, que varia de individuo pra individuo.
O consumo de alimentos ricos em proteínas deve ser diminuído e controlado e as proteínas naturais devem primeiro ser hidrolisadas e a maior parte da fenilalanina removida.
 Já são encontradas essas formulas de hidrolisados proteicos no mercado e geralmente destinados a três grupos: formulações infantis; formulações especiais para adultos e suplementos nutricionais. O tratamento deve ser mantido por toda a vida, porque mesmo após o desenvolvimento neurológico completo do individuo, os níveis altos de fenilalanina podem alterar funções cognitivas.


Walkyria Paula


Fontes:
  
LEHNINGER, Albert L; NELSON, David L.; COX, Michael M. Lehninger princípios de bioquímica. 4. ed. São Paulo: Sarvier, 2006.

      MIRA Nádia VM e Ursula M Lanfer Marquez: Importância do diagnóstico e tratamento da fenilcetonúria. Rev. Saúde Pública. V 34(1), 2000.







quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Doença Celíaca 2

   Então, pessoal, o seminário está se aproximando e gostaria de postar minhas anotações quanto ao meu tema! Já fiz um post anterior sobre Doença Celíaca. Porém, agora, falarei com maior profundidade sobre o assunto, com algumas anotações repetidas, mas com novas observações, também. Em breve colocarei curiosidades sobre o trigo e seu processamento! Here we go!


 DEFINIÇÃO:
   Também chamada de enteropatia glúten-sensível, é uma desordem auto-imune, sendo causado pela  intolerância permanente ao glúten, encontrado no trigo, malte, aveia, cevada e centeio.
   Bem, para saber sobre a DC é necessário que se conheça o seu causador, o glúten!
  
  O glúten é uma substancia fibrosa, elástica, de cor âmbar, pegajosa, formado por proteínas quando a farinha de trigo, por exemplo, é misturada com água e submetida à força mecânica.
   É o responsável pela retenção dos gases da fermentação, o que colabora no crescimento do pão. Também retém a umidade e do pão depois de assado, como também promove a elasticidade.   
   Encontrado na farinha, sendo que a de trigo é mais rica, o glúten é composto por 2 grupos de proteínas: gliadinas e as gluteninas. As primeiras são prolaminas responsáveis pela extensibilidade da massa. Já as gluteninas são responsáveis pela elasticidade da massa. 

                               

   Quando a farinha é misturada com água, sob tal esforço mecanico, essas proteinas ficam hidratadas e formam um complexo protéico pela sua associação por pontes de hidrogênio, ligações de van der Waals e ligações dissulfito, esse complexo é o glúten.
    As características desejadas para o glúten podem ser alteradas por vários fatores como se o teor da água não for suficiente, não haverá a formação do glúten. A propriedade de extensibilidade pode ser afetada pela falta de lipideos e pelo excesso de oxidação. Assim como a resistencia do glúten pode diminuir com o excesso mecânico ou com a presença de enzimas proteolíticas, que são capazes de destruir a cadeia peptídica.


 COMO OCORRE NO ORGANISMO?
            O organismo do celíaco é avesso às partes do glúten, causando lesões na mucosa do intestino delgado, achatando suas vilosidades. Fato que prejudica a absorção de nutrientes, trazendo como sintoma a desnutrição, e também permite a passagem de substancias estranhas que podem ser danosas à saúde.

            Veja como é a parede intestinal:

               

            Agora, quando um celíaco ingere o glúten
                     
 TIPOS:
   É comum que a doença celíaca apareça na infância e, caso não seja controlada precocemente, pode gerar um déficit de crescimento. Como é uma alteração genética, não existe cura para a intolerância ao glúten e o distúrbio pode persistir ou reaparecer na adolescência e idade adulta, principalmente antes da gestação e, alguns casos, na terceira idade. O quadro clínico da doença se manifesta com e sem sintomas. No primeiro caso, há duas formas:

 A CLÁSSICA>

   É freqüente na faixa pediátrica, surgindo entre o primeiro e terceiro ano de vida, ao introduzirmos alimentação à base de papinha de pão, sopinhas de macarrão e bolachas, entre outros industrializados com cereais proibidos. Caracteriza-se pela diarréia crônica, desnutrição com déficit do crescimento, anemia ferropriva não curável, emagrecimento e falta de apetite, distensão abdominal (barriga inchada), vômitos, dor abdominal, osteoporose, esterilidade, abortos de repetição, glúteos atrofiados, pernas e braços finos, apatia, desnutrição aguda que podem levar o paciente à morte na falta de diagnóstico e tratamento.


NÃO CLÁSSICA

Apresenta manifestações monossintomáticas, e as alterações gastrintestinais não chamam tanto a atenção. Pode ser por exemplo, anemia resistente a ferroterapia, irritabilidade, fadiga, baixo ganho de peso e estatura, prisão de ventre, constipação intestinal crônica, manchas e alteração do esmalte dental, esterilidade e osteoporose antes da menopausa.

ASSINTOMATICA

   E se não houver sintomas? Há ainda, a doença na forma assintomática. São realizados nestes casos, exames (marcadores sorológicos) em familiares de primeiro grau do celíaco, que têm mais chances de apresentar a doença (10%). Se não tratada a doença, podem surgir complicações como o câncer do intestino, anemia, osteoporose, abortos de repetição e esterilidade
Como se faz o Diagnóstico da  DOENÇA CELÍACA ?
   São realizados exames especializados para avaliar a absorção da D.XILOSE e dosagem de gordura nas fezes, assim como dosagem de anticorpos antigliadina,  antiendomíseo,  e  antitransglutaminase,  porém,    É ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIA  a realização da Biopsia do Intestino Delgado (BID) para estabelecer o diagnóstico da Doença Celíaca, a qual deve ser obtida, preferencialmente,  da  junção  duodeno-jejunal, já que, para a absoluta certeza do diagnostico, esse exame se faz necessário. Não há motivos para suspender a dieta com glúten sem realizar a biopsia.
   As amostras podem ser obtidas utilizando-se cápsula perioral, que é acoplada a uma sonda ou pinça durante o processo de endoscopia digestiva alta.

Qual é o tratamento da DOENÇA CELÍACA ?
   Para a Doença Celíaca existe um único tratamento: uma dieta rigorosa, onde devem ser retirados todos os alimentos e preparações que contenham o glúten.  Não se deve comer " só um pouquinho " desses alimentos,  pois podem ocorrer consequências  danosas para o paciente.
   Deve-se substituir os ingredientes que contenham glúten (como a farinha de trigo ),  por outras  opções como o uso de farinha de arroz,  amido de milho, farinha de milho, fubá,  farinha de mandioca, polvilho e fécula de batata.
  
A dieta deve ser seguida por toda a vida?
   Sim,  pois a quantidade de glúten suficiente para causar sintomas varia para cada individuo. Se não aparecerem sintomas depois que o paciente ingerir glúten, isto não significa que o alimento não lhe fará mal.
   A vigilância da dieta deve ser permanente, já que a ingestão de glúten pode acontecer até sem que a gente perceba, como por exemplo:

 -através de óleo de fritura utilizado no preparo de alimentos com glúten e depois para a fritura de alguma preparação sem glúten;
 -utilização da mesma faca   para se passar margarina em pão com glúten e depois passar em bolacha sem glúten;
 -usar tabuleiros ou formas polvilhadas com farinha de trigo e depois reutilizá-las para os produtos  sem glúten, sem que tenham sido bem lavadas.

   Na falta de produtos industrializados especiais sem glúten no mercado brasileiro, a maior parte das preparações do cardápio do paciente  celíaco deve ser caseira, demandando tempo e dedicação para o preparo, então tem que ter criatividade na elaboração das receitas.

 Como seguir uma dieta sadia sem o glúten ?
  Neste caso o paciente deve ter uma alimentação variada, composta por elementos ou nutrientes que o ajudem a crescer,  e a retirada do glúten não atrapalha o processo de crescimento que se estende até a adolescência, desde que se substitua por outros alimentos sem glúten.
  De forma geral,  os alimentos podem ser divididos em ENERGÉTICOS, CONSTRUTORES e REGULADORES, sendo que uma dieta equilibrada deve conter quantidades adequadas de todos eles, sempre que for possível.

ENERGÉTICOS
  Nesse grupo há os Carboidratos (também conhecidos como  hidratos de carbono ou glícideos) e os Lipídeos (também conhecidos como gorduras).  Eles nos dão energia  (combustível)  para nossas atividades diárias e são responsáveis por manter a temperatura do corpo constante.

 Carbohidratos - São  também conhecidos como açucares e podem ser pequenos como a sacarose, a lactose e a glicose ou maiores como a malto-dextrina e o amido. Encontramos os carbohidratos em grandes quantidades no milho,  arroz,  aipim, mandioca,   tapioca, araruta, batatas, feijões, lentilha, ervilha,  grão de bico, açúcar, mel e outros.

 Lipideos ou gorduras  -  Além de serem boas fontes de energia, as gorduras também são responsáveis por levar as vitaminas A, D, E, e K dos alimentos que ingerimos,  até o interior do nosso organismo.
 As gorduras estão no azeite de dendê, nos óleos vegetais ( óleo de soja, de milho, de algodão, de canola, de girassol ) , nas margarinas, no creme vegetal,  na banha de porco, na manteiga, no creme de leite, na gema de ovo e "escondido" nas carnes de boi, frango, peixe, coelho, no presunto e maionese.

 CONSTRUTORES
  Os elementos construtores são as Proteínas.   

Proteínas - Garantem o perfeito funcionamento da pele, músculos, coração, visão, ossos e cérebro. As proteínas podem estar em alimentos de origem:

  Animal - são aproveitadas de uma melhor forma pelo nosso corpo e por isto chamadas de alto valor biológico.  Encontradas na carne, no pescado, no fígado de boi e de frango, na dobradinha   (bucho),  nos ovos,  no leite e seus derivados (coalhada,  iogurte e queijos).
  Vegetal - também são importantes na nossa alimentação e estão presentes no feijão, na sopa, ervilha, grão de bico, entre outros.

REGULADORES
  No grupo dos alimentos reguladores estão as Vitaminas, os Sais minerais, as Fibras e a Água.
Vitaminas - São em grande número em nosso organismo. Não as produzimos e nenhum alimento possui todas elas; por isto é que a nossa dieta deve conter os mais variados alimentos, na medida do possível.          Cada vitamina tem uma função certa, mas de um modo geral, são importantes para manter nossa saúde em dia. Regulam nosso sistema nervoso, melhorando nossa imunidade contra as infecções.
Vitamina:
Bom para:
É encontrada:

A
Bronzeamento da pele, evita queda dos cabelos
Cenoura, vagem, alface, abóbora, abacaxi, pêssego, leite, carnes de vaca e porco.
A, E
Pele e visão

C
Estrutura das veias e gengivas. Evita o Escorbuto, doença que causa hemorragias internas e externas e fraquezas ).Previne gripes, resfriados e fortalece o sistema imunológico 
Tomate, pimentão verde, brócolis, repolho cru, laranja, limão, uva, acerola, caju, manga, kiwi, goiaba
D
Calcificação dos ossos e dentes. Absorver fósforo pelo organismo
Óleos de fígado de peixes, fígado e gema de ovos.
Tomar sol também ajuda a absorve-la.

B1, B2, B6 e B12 
Funções das células. Evita anemias, previne fadiga e esterilidade masculina
Fígado de boi ou frango, ovos, carnes vermelhas, castanhas, nozes, cenoura, ervilha, beterraba, leite e queijo prato.

Coagulação do sangue

 Sais Minerais - Dentre os componentes mais importantes de seu grupo, destacam-se o Cálcio, Ferro, Sódio, Potássio, Zinco, Iodo, Manganês e Cobre. Atuam na construção dos tecidos, na formação de ossos e dentes, nos nervos, coração, crescimento, etc.
  Os alimentos que tem Cálcio são o leite e derivados ( coalhada , queijos e iogurtes ), o brócolis, espinafre, acelga, agrião, couve, chicória e mostarda. Sua ausência em nosso organismo provoca má calcificação dos dentes e dos ossos, assim a criança cresce lentamente ou até mesmo para de crescer.
   Se nos faltar o Ferro, teremos anemia, ficando cansados, desatentos, com sono e fracos. O Ferro é responsável em levar oxigênio através dos  pulmões e do sangue, e os tecidos precisam dele para crescer e sobreviver. Encontramos o Ferro nas carnes, feijão, espinafre, acelga, broto de abóbora, couve e folha de batata doce.. Para que sejam melhor aproveitados pelo nosso organismo, devemos consumi-los com alimentos com alimentos que contenham vitamina C, como limão ( limonada ), goiaba, acerola, laranja, mamão e banana.

   Fibras - São componentes dos alimentos que o nosso organismo precisa para regular a função intestinal. Alguns alimentos sem glúten e ricos em fibras são as frutas ( com casca ), vegetais, feijões, lentilha, milho ( verde, canjica ou pipoca ), o mamão, uva-passa seca e ameixa preta.
   Água - Necessária para diversas funções de nosso organismo, como lubrificação de articulações, das córneas, ajuda nas funções do intestino, faz parte da saliva, das lagrimas e meio de transporte para os nutrientes através do sangue e fora dele.  

 Alguns pacientes transgridem a dieta ?
 Infelizmente sim,  pois embora o único tratamento consiste na dieta isenta de glúten por toda a vida, este tratamento parece simples,  porém inúmeros problemas podem levar o paciente a transgredi-la, como pôr exemplo:
* Falta e orientação dos familiares sobre a doença e suas complicações;
* Descrença na quantidade de cereais proibidos (qualquer quantidade é prejudicial e agressivo aos celíacos);
* Dificuldades financeiras, pois os alimentos permitidos são os de custo mais elevado;
* Hábito do uso da farinha de trigo na alimentação (pão, macarrão, etc);
* Falta de habilidade culinária das mães para preparar alimentos substitutivos;
* Forte pressão que sofremos da propaganda dos industrializados,  que nos leva a consumir tais produtos e,
* Rótulos, embalagens ou bulas que nem sempre contém a composição correta ou bem clara dos ingredientes.
   Enfim, a doença celíaca vem despertando a curiosidade cientifica por causa de alguns fatores, como:
- a incidência cada vez mais freqüente. Mais de 1 milhao de brasileiros possuem e não sabem!
- o quadro clinico é variável, desviando a atenção dos médicos para outras moléstias
- é comum a DC estar associada a outras enfermidades, como: esquizofrenia, depressão,artrites, baixa estatura e dificuldade em ganhar peso e, principalmente,a dermatite herpetiforme.

   É isso, gente! Torça para que façamos uma boa apresentação e que possamos saber como transmitir para os outros aquilo que aprendemos! 

Bibliografia:



Postado por:
Thaís Fernandes :)